água de beber

No ano passado, eu resolvi mudar a forma como tomo água. Pode parecer bobagem, mas a gente toma água o dia inteiro, todos os dias da vida. Então, trata-se de uma decisão importante saber de onde vem e como chega a água que bebemos. Eu costumava comprar galões de 20 litros para o suporte que gelava a água. Um trambolho que nem cabia na minha cozinha. Os galões, mesmo sendo retornáveis, também pediam uma logística chata: ligar, receber o rapaz, trocar, pagar, tem que ser em dinheiro, sempre chega na pior hora possível. Fiz isso durante anos, porque achava que a água mineral era a mais saudável. E pode até ser que seja, mas o impacto do transporte, da embalagem e a energia consumida no processo todo são uma questão a se considerar, e é necessário avaliar se o benefício realmente vale a pena. 

Um dia, li uma reportagem atentando para como o mercado segrega produtos bons e sustentáveis, exatamente porque faz as pessoas economizarem demais. Um desses produtos era o filtro de barro.

O filtro de barro brasileiro, revestido com prata, é um dos processos mais baratos, seguros e eficazes para a filtragem da água. Ele não gela, mas mantém uma temperatura fresca e agradável, mesmo nos dias de muito calor (e tomar água fresca é muito melhor para o corpo do que tomar água gelada). Mandei embora o trambolhão, junto com os galões vazios e comprei um filtro. Uma liberdade imensa. Nem da energia elétrica eu dependo. Passado um curto período inicial, a água perde completamente o gosto e fica deliciosa. Além disso, o filtro é charmoso e dá um ar nostálgico e aconchegante à cozinha. Estou feliz com esta mudança e me sinto mais responsável, num momento em que todos temos que repensar urgentemente nossos hábitos de consumo antes que o Planeta exploda.

É um grande alívio descomplicar a vida e depender menos de empresas, transporte, marcas e um monte de produtos inúteis vendidos como fundamentais. Tentam nos convencer o tempo todo de que não podemos viver sem isso tudo. Mas podemos. E devemos. 

Vamos aos poucos reagindo ao massacre do consumismo: cozinhando em casa, plantando o que for possível (qualquer um consegue plantar pelo menos um temperinho), comprando menos industrializados, evitando atitudes e produtos que tenham alto impacto ambiental. Mantemos muitos hábitos por inércia e não paramos para pensar em pequenas coisas que podemos fazer. As mudanças podem parecer complicadas e assustadoras, mas muitas vezes são tão simples quanto tomar um copo d’água.